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ENTENDA O CASO

Mirante de Santana vai acabar após aprovação do Plano Diretor? Entenda

Revisão do Plano Diretor que está na Câmera de São Paulo sugere a revogação de uma lei que limita construções perto do Mirante de Santana

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André Derviche
02/06/2023 - 17:11

		Mirante de Santana, estação meteorológica localizada na zona norte
Parte externa do Mirante de Santana, localizado na zona norte. Imagem: Reprodução/Google Maps

Entre as várias alterações que a revisão do Plano Diretor propõe, uma delas ameaça a existência da estação meteorológica localizada na zona norte de São Paulo. Caso a revisão seja aprovada do jeito que está, será mais fácil verticalizar o entorno do Mirante de Santana, o que compromete a medição de temperatura e outros serviços prestados pela estação. A questão já preocupa moradores da região.

O Plano Diretor que está na Câmara Municipal estabelece em seu artigo 101 a revogação da lei 7.662, de outubro de 1971. É essa lei que estabelece regras para construções no subdistrito de Santana. Segundo o artigo 1º da lei 7.662, as construções e reformas só serão permitidas se não ultrapassarem o segundo andar (800 metros) do Mirante de Santana, localizado na Praça Vaz Guaçu. É a existência dessa lei que está ameaçada com a aprovação do Plano Diretor.

O Mirante de Santana é uma estação meteorológica responsável por medir temperaturas e níveis de chuva. Por lá, existem 76 anos de dados meteorológicos produzidos para informações como previsão do tempo e estatísticas. A instalação do Mirante foi feita estrategicamente a 792 metros de altitude e mais de 60 metros acima do nível do rio Tietê para que a vista da cidade seja ampla e haja maior circulação de ventos e incidência de radiação solar.

Segundo uma nota técnica elaborada pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), que administra o local junto à Prefeitura de São Paulo, a vista do local precisa estar desobstruída para a identificação de condições de nebulosidade. A verticalização do local traz impacto direto na temperatura, umidade e ventos da região do Mirante. Isso porque a construção dos prédios favorece o aparecimento de ilhas de calor, que aumentam a temperatura da região e atrapalham uma medição fiel. Além disso, a verticalização bloqueia a circulação de vento.

É altamente recomendável que o horizonte esteja descoberto, não só para plena incidência da luz solar, mas também para exposição aos ventos que sopram de todos os quadrantes

Por esses fatores, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) já demonstra preocupação com o futuro do Mirante de Santana: "Uma mudança da lei específica, a qual limita as construções do entorno do Mirante de Santana, vai inequivocamente prejudicar e/ou enviesar as medições da Estação Climatológica do Inmet no local, a partir da permissão de edificações de verticalização significativa".

Na sessão da última quarta-feira (31), em que vereadores aprovaram por 42 a 12 votos a revisão do Plano Diretor, o parlamentar Eliseu Gabriel alertou para os riscos que o Mirante de Santana corre: "É o interesse de negócios imobiliários comprometendo os registros históricos e a previsão do tempo em São Paulo. [Vamos] pôr a mão na consciência, pois isto é seríssimo, não pode acontecer, e vai jogar no lixo o Mirante de Santana."

O local já foi palco de disputa entre os interesses científicos e os imobiliários. Em 2021, o lançamento de um edifício de 23 andares na rua Pedro Madureira, localizada a cerca de 300 metros do Mirante, fez com que o Inmet lançasse uma nota técnica reafirmando a importância de evitar a verticalização na região. Hoje, a Pedro Madureira ainda é uma rua repleta de casas. De acordo com a publicação local Diário da Zona Norte, moradores realizaram um abaixo-assinado questionando a legalidade do empreendimento. As obras não chegaram a ser iniciadas, mas houve demolição de imóveis e há um terreno vazio na altura do número 189.


		Rua Pedro Madureira, na zona norte, onde seria construído um prédio de 23 andares
Rua Pedro Madureira, na zona norte, onde seria construído um prédio de 23 andares. Imagem: Reprodução/Google Maps

Segundo o Inmet, por enquanto, não há perspectiva de retirada de nenhum equipamento do Mirante de Santana por parte do órgão. O Inmet também apontou a dificuldade que seria instalar uma nova estação em outro lugar: "Novos locais não substituem séries históricas climatológicas de uma estação com quase 80 anos de dados. Se houver a saída, a série é interrompida nesse momento e em uma nova instalação se começa outra do zero, perdendo-se toda a continuidade da série que é referência para a maior cidade do país".

O Mirante também atende frequentemente escolas e faculdades para visitarem a estação como modelo de estação. A Orbi procurou a assessoria do plenário da Câmara Municipal de São Paulo, mas ainda não obteve resposta. A revisão do Plano Diretor ainda passará por mais uma votação. Antes dela, serão realizadas mais oito audiências públicas.

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