SEGURANÇA
Estação Sumaré do Metrô ganha câmeras financiadas por moradores
Região é considerada rota de fuga para criminosos que realizam roubos na região

Moradores do bairro Sumaré, zona oeste de São Paulo, e representantes da sociedade civil e do poder público se reuniram para inaugurar duas câmeras de segurança em frente à estação Sumaré do Metrô, linha 2-verde. Os equipamentos de monitoramento serão pagos pela população e darão suporte ao trabalho das polícias de São Paulo, que alegam enfrentar déficit de pessoal em meio ao aumento de roubos. O encontro de inauguração ocorreu na manhã desta quarta-feira (24).
Inicialmente, foram inauguradas quatro câmeras distribuídas em dois postes, um direcionada para monitorar veículos na rua e outro para os pedestres. O plano, porém, é expandir os equipamentos na região com auxílio da polícia para o mapeamento. Elas foram instaladas na frente da estação Sumaré, da linha verde do Metrô, no cruzamento da avenida Doutor Arnaldo com a rua Petrópolis e estão integradas a bancos de dados das polícias de São Paulo.
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O investigador da Polícia Civil Décio de Felice vê a chegada das câmeras com bons olhos: "Nós temos uma grande dificuldade de recursos humanos. A gente tem carência de imagens e problemas para encontrar testemunhas. Isso [as câmeras] vai ajudar muito a gente, porque a polícia tem recursos humanos muito escassos". Atualmente, a Polícia Civil enfrenta um déficit de 33% na corporação.
Além das polícias Militar e Civil, a iniciativa conta com a parceria da Prefeitura de São Paulo, Metrô, Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) e da Somasu (Associação de Moradores e Amigos do Sumaré). As imagens e dados capturados pelas câmeras devem ser encaminhados ao Conseg, polícia e Metrô de São Paulo. "O Metrô entra como parceiro ao sediar a instalação das câmeras. Além disso, ele também fará um compartilhamento de imagens. Com monitoramento de fora e de dentro [da estação], é possível fechar um circuito de investigação", explica Eduardo Agrella, chefe do departamento de Segurança Pública do Metrô.
Segundo relatos de moradores, a ideia de instalar câmeras na região vem pelo menos desde 2017. A sensação de insegurança aumentou com mais histórias de assaltos a casas e até de estupros e roubos no entorno da estação de Metrô. Entre 2021 e 2022, os roubos registrados no DP (Distrito Policial) de Perdizes passaram de 1.824 para 3.162. Um segurança do Metrô relatou que a estação serve muitas vezes como rota de evasão dos criminosos após cometer infrações.

Estabelecimentos da região juntam recursos para financiar mensalmente os equipamentos. Os envolvidos na inauguração afirmaram que não vai haver reconhecimento facial, mas admitem que o objetivo da câmera é identificar atitudes suspeitas pare prevenir crimes a partir de um banco de dados. Os equipamentos também visam mapear rotas de fuga de criminosos.
Nas placas que estampam os postes das câmeras, é possível ver o símbolo da Vizinhança Solidária. Este é um programa da Polícia Militar do Estado de São Paulo definido como "ferramenta de polícia comunitária". O objetivo é aproximar a atuação da PM da população do bairro. Sobre a instalação das câmeras nas ruas do Sumaré, Josué Paes, presidente do Conseg Perdizes Pacaembu afirmou: "É a própria comunidade cuidando da segurança do bairro".
Outro sinal indicado pela placa é o convênio com o Projeto Detecta - Muralha Paulista, entre a Secretaria de Segurança Pública e a Somasu. O convênio viabiliza que imagens captadas por sistemas de câmeras como esse possam ser compartilhados com o sistema das Polícias de SP.
Marcel Marques, gerente de relacionamentos institucionais da start-up Cosecurity, percebe que é cada vez mais comum ter moradores investindo em segurança colaborativa para apoio ao trabalho das polícias: "Nós disponibilizamos um QRCode para que qualquer cidadão que tenha um problema reporte a ocorrência para ser encaminhada aos órgãos de segurança", ele afirma.
As câmeras instaladas na estação Sumaré são da parceria com a SegDBoa, empresa que contribuiu com a instalação das câmeras em um contexto de prevenção contra crimes.