OPINIÃO
Racismo Institucional: como ele atinge as mulheres negras?
O Racismo Institucional é o maior mecanismo de sustentação da engrenagem que determina a diferença salarial, discriminatória, entre mulheres negras e brancas.
Existem pesquisas que apontam, de forma nítida, essa diferença. Sabemos que o racismo é o principal motivo desta diferença social de tratamento. A diferença é maior ainda no salário da mulher preta em relação ao homem branco, mas esta é uma outra conversa.
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O modelo colonial não se enquadra a todas as mulheres. O corpo magro, alvo, cintura estreita, cabelo liso, traços finos e postura esguia revela que a mulher faz parte deste “padrão” determinante de qual terá melhor qualificação profissional: a branca. E não pensem que esta aparência não conta porque conta e muito. Se ela atende clientes diretamente, está na linha da frente da empresa, este padrão vai favorecer e muito esse padrão europeu
Mulheres negras de pele clara até conseguem alcançar “privilégios” da branquitude por estar mais próximo do padrão branco, já a negra retinta “a negra indisfarçável” nunca alcança os mesmos espaços. Afeto é algo que não se tem, conquista infelizmente nem para relações de trabalho, amizade e relacionamento. Só 6% das mulheres negras retintas se casam, por exemplo. E sabemos que um dos ambientes de socialização pode sim iniciar no trabalho, na faculdade, aliás quem nunca conheceu alguém nesses ambientes de trabalho?
Basta ver nas campanhas publicitárias de hoje. Já mudou muito a representatividade nas revistas e TV. Atualmente já se vê muitos corpos de mulheres de vários biótipos e estereótipos, tons de pele, mas a negra retinta ainda quase não aparece.
Outra opção de análise são as Instituições públicas e privadas. Onde as mulheres pretas estão? Na cozinha, limpeza, portaria em trabalhos com baixo salário e menor condições de perspectiva de aumento de salário e promoção.
Na área administrativa, a maioria são mulheres brancas. Mulheres brancas em cargo de poder, ganhando altos salários e proporcionando para as suas famílias melhores condições de vida. É uma violência tremenda pensar que estamos em 2023 e a diferença ainda é tão grande.
E quando a mulher negra ocupa esses espaços se torna uma ameaça, como cita a professora Cida Bento no livro “O Pacto da branquitude”. Se essa mulher fala mais firme é a negra raivosa; se não faz, não é bem qualificada; se faz demais, está querendo aparecer. A todo o momento somos uma ameaça para a branquitude.
Cida Bento diz: O Conceito de Racismo Institucional é importante, porque dispensa discussões sobre, por exemplo, se determinada instituição ou seus profissionais explicitam, na atualidade, preconceito, racismo contra negros e negras.
Estamos ocupando esses espaços, mas ainda somos a minoria.
É preciso que as instituições enxerguem as diferenças, reconheçam as discriminações e o racismo presente para, então, proporem mudanças que sustentem as ações afirmativas postas.
Precisamos olhar para as mulheres sabendo que, para nós, primeiro somos negras e depois mulheres.
É sobre isso!
*Este é um conteúdo independente e não reflete, necessariamente, a opinião da Orbi
