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Suplicy: 'Pela renda básica de cidadania eu vou até o fim'

Em entrevista exclusiva à Orbi, deputado estadual mais votado em São Paulo renova esperanças por seu projeto e promete oposição com diálogo

Diego Brito
15/03/2023 - 19:08

		Suplicy: 'Pela renda básica de cidadania eu vou até o fim'
Petista volta à Assembleia Legislativa de São Paulo depois de 44 anos. Imagem: Lucas Martins/Divulgação

No dia 15 de março de 1979, Eduardo Suplicy, aos 38 anos, assumia seu primeiro mandato da extensa carreira política como deputado estadual na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) ainda filiado ao MDB. Nesta quarta-feira, também um 15 de março, o agora petista – desde a fundação da sigla, em 1980 – voltou às raízes e, pela segunda vez, 44 anos depois, tomou posse como um dos 94 parlamentares. Em entrevista ao jornal da Orbi, o deputado estadual mais votado nas eleições de 2022, escolhido por 807 mil eleitores, falou sobre como será a oposição do PT ao governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e, claro, sobre a renda básica universal: o projeto da sua vida. "Tenho tentado fazer um acordo com Deus para que eu tenha saúde o suficiente para ver ainda durante a minha vida a renda básica instituída", disse.

Quais serão as prioridades do seu mandato como deputado?


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A prioridade será sempre a aplicação dos instrumentos de política econômica social para construção de um estado de São Paulo mais justo, civilizado e solidário. Um dos instrumentos é melhorar a qualidade da educação das crianças, jovens e adultos que não tiveram acesso à educação. Outro instrumento é o estímulo às cooperativas de produção e mais oportunidades de microcrédito para aquelas pessoas que não possuem patrimônio. Com conhecimento e práticas adequadas elas podem adquirir com o microcrédito um instrumento de trabalho. Pode ser uma bicicleta, um computador, uma máquina fotográfica, objetos de cozinha para uma lanchonete. Também vou propor a criação de uma frente parlamentar em defesa da renda básica de cidadania até que ela se torne universal. O Bolsa Família, do governo federal, é o primeiro passo. Vou me encontrar com o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), para dialogarmos sobre como será realizada de forma gradual a renda básica para todos.

Qual vai ser o tom da oposição do PT ao governo do Tarcísio de Freitas no Legislativo?

Seremos, claro, um partido de oposição na Assembleia. Mas, obviamente, sempre tendo uma atuação de respeito, construção e diálogo com o governador e os seus secretários. Após a vitória do Tarcísio [sobre o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad], eu telefonei para ele e me coloquei à disposição para dialogar sobre os mais diversos temas. Mesmo tendo muitas diferenças de opinião, é necessário conversar sobre os problemas de São Paulo, como a Cracolândia. Já existe um grupo de trabalho com integrantes da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa sobre o tema. Vamos ouvir moradores do centro, os próprios usuários de droga, médicos especialistas e assistentes sociais. Esse também é um dos temas de prioridade. Inclusive, já conversei com o médico Drauzio Varella para que ele faça uma palestra sobre a Cracolândia para as comissões na Câmara e na Assembleia.

O que mudou do Suplicy de 1979 para o de 2023, 44 anos depois voltando para o cargo que iniciou a trajetória política?

Quando fui eleito em 1978 a grande preocupação era a democracia e as eleições livres e diretas. Também naquele período foi quando houve grande movimentação de greve dos metalúrgicos, professores e lixeiros. Atuei na defesa dos metalúrgicos do ABC que foram presos no Dops [Departamento de Ordem Política e Social, utilizado como repressão aos opositores na ditadura militar]. Agora, continuo lutando pela democracia, pela transparência e tudo aquilo que possa significar práticas democráticas e justiça social. Essa sempre foi a grande preocupação em todos os cargos que assumi.

A renda básica de cidadania é sua principal bandeira. Por que você cita a música ‘Homem na Estrada’, do Racionais MCs, para defender o projeto?

Se houver renda básica, sempre haverá um estímulo ao progresso. A principal vantagem é do ponto de vista da dignidade. Aquela mãe que às vezes não tem o que dar para o filho comer e resolve vender o seu corpo. Ou então aquele rapaz que não tem como ajudar a mãe financeiramente e se envolve com o tráfico. Se todos tiverem a renda básica universal para atender as necessidades das famílias não vão precisar recorrer às alternativas que ferem a dignidade e colocam em risco a vida e a saúde da população. A letra do Racionais explica isso didaticamente. O Mano Brown [compositor da música e integrante do grupo] diz logo no começo: “um homem na estrada recomeça sua vida, sua finalidade, a sua liberdade, que foi perdida e subtraída. Quer provar a si mesmo que realmente mudou. Que se recuperou. Quer viver em paz, não olhar para trás e dizer ao crime ‘nunca mais’”.

Aos 81 anos, você pensa em se aposentar da política?

Pela renda básica de cidadania eu vou até o fim. Eu tenho, inclusive, tentado fazer um acordo com Deus para que eu tenha saúde o suficiente para ver ainda durante a minha vida o projeto instituído. Meu objetivo maior é continuar lutando. E, para isso, tenho realizado palestras nos mais diversos lugares de São Paulo e do Brasil. Escolas, universidades, sindicatos. Tenho uma missão e vou levá-la até o final.

Trajetória

No PT desde a fundação da sigla, Eduardo Suplicy, 81 anos, é um dos mais emblemáticos quadros do partido e da política nacional. Além de deputado estadual (1979-1983 e atualmente), ele também já foi senador por três mandatos consecutivos (1991-2015), deputado federal (1983-1987)e vereador em São Paulo (1989-1990 e 2017-2023). Suplicy também é economista e foi professor universitário.

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