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COLUNA: VIDA+SAUDÁVEL

O corpo tem as suas razões

O corpo é sábio, o corpo sempre quer nos dar sinal de algo que, muitas vezes, não está bom

Vida+Saudável 06/03/2023 - 8:57 Atualizada em 06/03/2023 - 11:56

		O corpo tem as suas razões
O corpo tem as suas razões. Imagem: Miguel Salgado/Unsplash

Sabe aquela dor de cabeça que vem sempre após o uso do celular ou quando você está muito estressada? Ou aquele desconforto no estômago que aparece sempre que você discute com o seu chefe ou come aquela feijoada de todo sábado? Sabe o que essas sensações têm em comum? Elas podem estar te comunicando algo.

O corpo é sábio, o corpo sempre quer nos dar sinal de algo que, muitas vezes, não está bom. O corpo tem as suas razões.


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O corpo também é fonte de expressão para além das palavras, ou seja, o nosso corpo tem a capacidade de se comunicar através de expressões e posturas , para além do que as palavras dizem, expressando muitas vezes o que pode estar até no nosso inconsciente. Isto foi falado no livro “O corpo fala” publicado na década dos anos 80, e desde então este conceito “o corpo fala” se tornou um “jargão”. O nosso corpo “fala” todo o tempo, nas expressões do rosto, olhares, gestos, posturas, tom e ritmo da voz.

Pesquisa realizada por Albert Mehrabian, da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), na década de 50, concluiu que na comunicação interpessoal, face a face, 55% da mensagem está na expressão corporal, 38% no tom da voz e 9% nas palavras. Então, se conclui, que o maior impacto da mensagem está na comunicação não verbal. E neste momento, eu te pergunto, como seu corpo se expressa? O que você fala e sente está condizente com a postura do seu corpo?

Por isso, se ficamos sempre com o peito fechado, e os ombros muito para a frente, podemos desenvolver e expressar muito mais tristeza do que coragem. Observe que uma pessoa mais triste, fica mais assim, demostrando assim a sua situação mental.

Este livro “fala” desta relação do corpo com as emoções e pensamentos. Ele diz que “O corpo físico é um reflexo das nossas emoções, crenças e pensamentos. Sempre que algo não vai bem, o corpo encontra um meio de sinalizar que há um problema. É assim que surgem as doenças e dores emocionais. As doenças são manifestações do inconsciente, que precisam sinalizar questões internas mal resolvidas”.

E eu, como terapeuta corporal há mais de 20 anos, percebo através de meus alunos e pacientes, que o nosso corpo manda mensagens sempre. Estas mensagens podem ser, para mostrar que o nosso organismo está bem e que estamos vivos, como os sinais de fome e as “ borboletas no estômago”, ou quando há um desequilíbrio, através das dores e patologias.

As nossas dores e sensações desconfortáveis no corpo, são apenas um alarme de algo que deve ser olhado e cuidado. Se olharmos com interesse para esses sinais, podemos cuidar de questões que não vieram à consciência e se espelham através do corpo. Entretanto, o acesso a essa sabedoria exige, uma mudança em alguns comportamentos automáticos, como o ato de tomar um remédio imediatamente para cessar uma dor. Ao percebermos a chegada de uma dor de cabeça, por exemplo, podemos antes de nos remediar tentar entender ou até lembrar o possível motivo daquela dor. Podemos neste momento incluir questionamentos que nos ajudam a contextualizar esse sintoma físico, ao nos perguntarmos: “quando?” “como?” “onde?”, com quem?”. Assim com essas perguntas nos educamos a olhar para o que está acontecendo conosco com uma curiosidade saudável, um interesse de entender os sinais do corpo, e abandonarmos o hábito de já querermos nos livrar do incômodo da dor de forma imediata, antes de buscarmos compreender esses sinais importantes e amorosos.

Entretanto, isso exige que mudemos o nosso grau de responsabilidade por nossas escolhas. Porque como diz Albert Einstein “Não adianta queremos resultados diferentes, fazendo sempre a mesma coisa”. Isto quer dizer que vamos precisar mudar muitas vezes os nossos hábitos e escolhas ao “enxergar” algumas situações. Por exemplo, se eu percebo que tenho dor de estômago sempre que converso com o meu chefe, posso buscar recursos para me ajudar a me expressar melhor com ele ou perceber que o melhor pode ser mesmo mudar de emprego. Ou, se esta dor no estômago acontece toda vez, que eu como uma feijoada, vou ter que fazer uma escolha: vou ter a coragem de abandonar este hábito e mudar a opção do menu ou vou preferir continuar tomando um “sal de fruta” toda vez que termino de comer? Assim, ao entender os sinais do corpo é necessário fazer uma escolha. Eu vou preferir prevenir (evitar a feijoada e escolher outra opção) ou vou preferir, tomar o sal de fruta porque eu não consigo “viver sem a minha feijoada”?

Outro ponto, é que hoje mudamos muito a nossa postura pelo uso exagerado dos celulares e computadores. Eu recebo muita gente que vive reclamando de dores no pescoço, nas escápulas, com tendinite ou com L.E.R (lesão de esforço repetitivo), mas não conseguem perceber como a cabeça fica pra baixo toda e vez que se usa o celular ( e se usa muitas horas do dia) e também como ficam tensos ao digitar as teclas do seu laptop, sem fazer nenhuma pausa ou alongamento. Assim, sem perceber, o corpo vai se tensionado ao longo dia, por estas posturas, além do estresse gerado por outras questões da vida.

O despertar da Consciência

O desenvolvimento dessa importante consciência que desejamos despertar em nosso corpo, pode ser alcançado por experiências que promovam o autocuidado e um olhar mais lúcido sobre esses sinais corporais. As práticas que facilitam este processo, são o Yoga, a dança intuitiva, a meditação (de várias vertentes) e práticas com abordagens somáticas, que consideram a unidade corpo e mente, e por isso vão facilitar este diálogo entre o interno e o entorno, trabalhando a atenção ao corpo em sua integralidade. Algumas medicinas orientais, como a chinesa (MTC) e a indiana (Ayurveda), vão também ajudar neste entendimento, principalmente os relacionados com a nossa Rotina diária, para saber os melhores hábitos a serem incluídos, ou aqueles que devem ser evitados ou excluídos.

O corpo é dinâmico, isto quer dizer que algumas atitudes do passado, em uma fase da vida, eram importantes ou te faziam bem, mas depois em uma outra fase, já não “descem mais redondo”. Como no exemplo da feijoada, se antes este ato não te causava desconforto, depois em um certo momento, pode não ser mais possível. Estas medicinas fazem você perceber a cada dia o que manter e colocar, e o que excluir; ou ainda, nos dá condições de melhorar o nosso organismo antes que possa se instalar uma doença. E tudo isso só é possível pela auto-observação de sinais que o nosso corpo apresenta a cada dia. Em ambas as medicinas, por exemplo, existe o diagnóstico pela língua, que é uma ferramenta que vai ajudar a observar como está principalmente a digestão. A língua é a janela do nosso sistema digestivo, principalmente, além de dar outras importantes informações sobre como está o nosso organismo. Não só este diagnóstico, mas existem, outros como o diagnóstico pela unha, pelos olhos, pelos desenhos do rosto (como linhas), que falam de como estão nosso sistema interno a partir de referências no corpo físico, antes de se instalar a doença ou de piorar o quadro patológico.

Não estou querendo dizer que a medicina ocidental não tenha a sua importância para cuidar de doenças que já estão instaladas e com isso manter a vida. Neste texto quero alertar para a possibilidade de compreendermos melhor os sinais diários que o nosso corpo dá, mais preventivos, e quais práticas tem isso em sua base, para ajudarmos neste processo diário de autocuidado.

E todas essas reflexões e esses saberes, nos levam a um ponto importante, que estabelece a conexão com o corpo: a presença. Isto porque, estamos em diversos lugares ao mesmo tempo, executando simultaneamente muitas tarefas, cultivamos uma mente racional que se prende no passado e ao futuro, mas que tem muitas dificuldades de perceber as sutilezas do agora. E para percebermos os sinais do corpo precisamos estar presentes, atento a esses sinais, sentindo, respirando com mais consciência, e inclusive percebendo as alterações em nossa respiração que vão dizer muitos sobre o momento, sobre o corpo; porque se o corpo “fala”, precisamos estar atentos e presentes para ouvi-lo melhor.

*Este é um conteúdo independente e não reflete, necessariamente, a opinião da Orbi

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